terça-feira, 1 de outubro de 2013

Manekineko: Histórias e Lendas Sobre o “Gato Da Sorte”

O Manekineko (招き猫, gato acenando, em tradução literal), no Japão, ele é o “Gato da sorte”, mas também conhecido como o “Gato do dinheiro” ou o “Gato que acena”.



A figura do Manekineko é um dos amuletos de boa sorte mais famosos no Japão, e também fora dele. Destinado a fomentar o comércio e promover a prosperidade nos lares, é comum encontrarmos estes simpáticos gatinhos nas entradas e prateleiras das lojas com uma pata levantada, atraindo os clientes para entrar.

Dizem que as imagens de Manekineko, com a pata direita levantada, supostamente atrai dinheiro, enquanto que, a pata esquerda estendida, atrai clientes.

Contudo, as pessoas adquirem o Manekineko como talismã, que dependendo da cor, material, tamanho, estilo, posição das mãos e ornamentação adicionadas a sua imagem, pode representar diversos tipo de simbologia, mas sempre com a crença de que é um gato amuleto da sorte.

Quase todos são representados usando coleira vermelha com um sino pendurado, que dizem ser lembrança dos costumes do período Edo (1603 – 1867), quando o gato era um animal de estimação muito caro. As damas da corte agradavam seus gatos colocando-lhes coleiras vermelhas, feitas de hi-chiri-men (tecido de luxo da época) e pequenos sinos, usados com o propósito de vigiá-los.

O Manekineko mais comum é representado segurando um koban (moeda de ouro do Período Edo), que possui forma ovalada. Contudo, o koban verdadeiro vale um ryo, e o koban do Manekineko é de dez milhões de ryo. Ou seja, a moeda fictícia é um símbolo de riqueza e prosperidade.


O Manekineko tornou-se popular na segunda metade do Período Edo, apesar de haver poucos relatos da época. Foi um pouco antes do início do Período Meiji (1868-1912) que o Manekineko começou a aparecer com regularidade em publicações e nos estabelecimentos comerciais.

O gesto do Manekineko, que parece ser um convite, trata-se, na verdade, de gestos típicos de um gato limpando o rosto ou quando está brincando, querendo pegar ou tocar algo, e como o gesto assemelha-se a um aceno, começaram associar que, colocando a figura de um gato levantando uma pata dianteira, chamaria a atenção das pessoas.

O gato é um animal altamente sensitivo, que pressente a chegada de uma pessoa ou a aproximação de chuva, e mudanças em sua rotina o deixa inquieto. Então, ele começa a dar voltas ou esfregar o rosto, pois esse é o tipo de comportamento que o tranquiliza. Mas, para um ser humano, isso pode ser interpretado como, por exemplo, se o gato esfregar o rosto, é sinal de chuva ou de visita, e, esses tipos de interpretações, podem ser uma das origens da lenda do Manekineko.

Acredita-se que sua origem remonte há cerca de quatro séculos, por volta no início do Período Edo (1603 – 1868), e muitas são as histórias relativas ao seu surgimento, que, porém, ninguém sabe ao certo qual a verdadeira.

No Japão, existe um templo chamado Gotokuji, em Tokyo, no bairro de Setagaya, e um Santuário em Imada, locais que o Manekineko pode ser reverenciado e onde se encontram relatos das principais versões que remontam sua origem.




Lenda sobre Manekineko do Templo Gotokuji

Contam que, quando Li ou Ii Naotaka (1590~1659), do clã Omi, voltava do cerco e tomada do Castelo de Osaka, após ter comandado 3,2 mil homens e se destacado na Batalha de Tennoji, em março de 1615, foi surpreendido por uma forte chuva repentina e abrigou-se em baixo de uma árvore próxima ao Templo Gotokuji, em Setagaya.

Na época, Gotokuji era um templo decadente, de pouca frequência e, portanto, muito pobre. No templo, vivia um monge budista e uma gata de nome Tama. Solitário, o monge conversava com a gatinha lamentando-se, quase sempre, a fase de penúria que o templo encontrava-se.

“A situação está cada vez pior. Hoje, nem temos arroz para comer. Bem que você podia dar uma ajuda para melhorar nossa situação, em vez de ficar dormindo o dia inteiro”, dizia o velho monge à gata.


Esperando a forte chuva passar sob a proteção da árvore, Naotaka olhou para o desgastado templo e viu um gato sentado sobre suas patas traseiras e acenando com a pata dianteira levantada em sua direção. O samurai ficou encantado pela habilidade do bichinho e seguiu em direção ao templo para ver de perto a façanha.

Quando Naotaka chegou junto ao templo, um raio fulminante atingiu a árvore exatamente no local em que se encontrava a poucos momentos. O guerreiro imediatamente percebeu que aquele gesto do gato havia lhe salvado a vida. Então, entrou no templo para rezar em agradecimento à graça recebida.

No salão principal, havia várias goteiras, e todo o templo encontrava-se em condições precárias. Naotaka fez oferenda de todo o dinheiro que carregava, depositando em um altar. Em seguida, comentou com o monge que a sabedoria do Grande Buda o guiaria a usar aquele dinheiro para reformar o desgastado templo.

Após esse episódio, Naotaka passou a frequentar Gotokuji, e o local passou a ser, então, o templo oficial da família e de todo o clã de Ii Naotaka e, consequentemente, tornou-se um santuário próspero, visitado por todas as pessoas da região.

Para homenagear o gesto de Tama, que tanta sorte trouxe ao templo e, principalmente, salvou a vida de Naotaka, foi esculpida e colocada no local, uma estátua da gata com a mão levantada. As réplicas em miniaturas da estátua, que eram distribuídas no Templo Gotokuji como lembrança, tornaram-se, mais tarde, um amuleto da sorte, com o nome de Manekineko, que, até os dias atuais, são reverenciadas e vendidas no próprio templo em Setagaya, onde continuam trazendo muita sorte e fortuna.

Contam que quando o gato morreu, um túmulo foi erigido em sua homenagem no Templo Gotokuji, com a estátua de um gato acenando para relembrar o episódio.

Lenda sobre Manekineko do Santuário de Imada

Existe outra versão para a origem do “Gato que acena”, que também data do Período Edo, mas relativa ao Santuário de Imado, onde o Manekineko também é venerado.

A história, muito famosa, conta que no bairro de Imado, em Edo (atual Tóquio), uma velha senhora tinha um gato de estimação, mas, devido aos tempos difíceis da época e a sua idade avançada, a anciã não conseguia trabalho e encontrava-se em extrema situação de penúria.

Sem ter mais condições de garantir seu sustento e, muito menos, de seu estimado gatinho, tomou uma decisão e chamou o bichinho para conversar.

“É com o coração partido que terei de lhe doar a alguém, antes que morra de fome junto a mim, pois, com a minha condição de extrema pobreza, não tenho como continuar lhe alimentando”, disse a triste velhinha ao gatinho que a olhava atentamente, parecendo entender a situação.

Depois, com lágrimas nos olhos e com o estômago contorcendo de fome, a sofrida anciã recolheu-se em sua cama, rogando a Deus que lhe ajudasse.

Dizem que Deus atende a todos os necessitados e, principalmente, os puros de coração. Então, como que atendendo ao pedido, a velhinha sonhou com o seu gatinho, que lhe passou uma mensagem: “Molde minha imagem e semelhança em barro que lhe trará muita sorte”.

No dia seguinte, ela resolveu fazer uma estatueta do gato, conforme o sonho havia sugerido. Enquanto ela moldava o barro, o gato estava “lavando a cara” com gestos exagerados e, achando engraçado, a velhinha resolveu moldar o bichinho com a pata levantada. Nisso, passou uma pessoa em frente de sua casa e, achando interessante, quis comprar a estatueta. Como estava há dias sem comer, a velhinha não pensou duas vezes, vendeu a estatueta e comprou comida para si e o gato.

Assim, de barriga cheia e com energias renovadas, resolveu fazer outra estatueta para deixar como talismã da sorte, conforme o gato lhe dissera no sonho. Porém, mal acabara de concluir a imagem, outra pessoa apareceu e comprou a segunda estátua.

Os dias foram passando e quanto mais a velhinha fazia estátuas semelhantes ao seu gatinho, todas com uma pata estendida, mais pessoas apareciam para comprá-las. Com isso, a anciã prosperou e, ela e seu estimado gatinho, nunca mais passaram necessidades.

A estatueta da sorte, que a princípio não tinha nome, passou a ser chamada por todos de Manekineko, o “gato que acena”.


Significados das posições das patas do Manekineko

Pata esquerda levantada: Atrai uma boa clientela.
Pata direita levantada: Atrai fortuna e sorte.
As duas patas levantadas: Também pode encontrar o Manekineko com as duas patas levantadas ou até com as quatro patas para cima, o que é bem raro, que simboliza fortuna e sorte, e, ao mesmo tempo, atração de pessoas.
Altura da pata: Quanto mais alta a pata for, melhor, pois atrai mais dinheiro ou clientes.


Significados das cores do Manekineko

Branco: Purificação
Preto: Proteção
Rosa: Amor
Dourado: Dinheiro
Verde: Sorte nos estudos
Vermelho: Saúde
Tricolor: Muita sorte

A seguir, algumas variedades de cores, posições e ornamentações dos Manekinekos

                          Manekinekos de diversas cores e todos segurando uma moeda “koban” 
                                                                  Manekineko dourado
Manekineko com duas patas levantadas

Fonte: Mundo Nipo

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